9 de janeiro de 2008

Histórias Risca FACA

Risca-faca é uma expressão regional que significa que a "justiça" é decidida na ponta de peixeira. Perpetuado como apelido dado a alguns salões de baile, em que, quase sempre dava briga... sendo uma das características, dos "brigões" riscar a faca, principalmente, onde houvesse pedra, para tirar faísca, e amedrontar o oponente.  



... pois a história desse lugar tem muito a ver com a minha história de vida..
Aqui as armas são palavras rEu vivia fechada num mundo onde havia apenas meus pensamentos...iscando histórias no chão: Palavras-faíscas.  
No chão, na rua, na sala de aula, no som, no papel, na roda de amigos...

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Histórias compartilhadas entre seis jovens e a pequena filha de um deles, no
F.A.C.A.
Foco de Atividades Culturais Alternativas:
Sou morador do extremo sul da cidade de São Paulo... .
Kleber
...qual é da desses cara aí, desses cabelo grande aí, esses doidão aí...
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Paulo
...Sou afro-brasileira, em si mais afro do que brasileira..
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Lucimara
...Vou falar um pouco de algo que sempre fez parte de mim e que há tempos atrás já me incomodou muito...
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Cássia
...me reconheço como membro ativo dentro da mudança que acredito...
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Juliana
...Não consegui me interessar tanto pela matéria dada na escola...
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Lauro
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Sabrina

8 de janeiro de 2008

F.A.C.A. por Kleber

Meu nome é Kleber, tenho 23 anos,
morador do extremo sul da cidade de São Paulo.
A história que quero deixar registrada é sobre um lugar chamado F.A.C.A.
Foco de Atividades de Cultura Alternativa,
pois a história desse lugar tem muito a ver com a minha história de vida
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Aos 14 anos me envolvi com o movimento punk, que abriu meus olhos para um mundo de luta e questionamento em uma sociedade repleta de desigualdades. O movimento Punk me proporcionou conhecer o Straigh Edge, uma postura livre de dependências pautada no vegetarianismo ético
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Esses valores permearam a minha vida e nas minhas relações humanas, na forma de educar minha filha, enfim, no meu jeito de viver
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Com isso no ano de 2006
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eu e um grupo de amigos decidimos construir o F.A.C.A., um lugar onde as diferentes formas de expressões culturais artísticas pudessem se encontrar e causar uma reflexão e mudança na vida das pessoas que aqui freqüentam
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Uma das coisas que deixam feliz hoje é que o F.A.C.A. está constituído e realizando suas atividades agora não só por meio do HardCore ou por meio de manifestações culturais
,
mas
,
por meio de diversas pessoas que aderiram a luta, vestiram a camisa, hastearam a bandeira e contribuem para que esse espaço continue sendo possível.

QUAL É DA DESSES CARA AÍ...? por Paulo

Meu nome é Paulo, tenho 22 anos. Na verdade nem todos me conhecem como Paulo. Tenho vários apelidos aí na rua, desde Macarrão, por causa do cabelo, Rasta e por aí vai...
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Desde muito novo eu me indigno com algumas ações que ocorrem no cotidiano, na vida, tanto perto de mim, como pelo mundo afora
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Eu queria ser médico, por conta de achar que sendo médico eu podia ajudar muitas pessoas, de repente até salvar algumas vidas
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e
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por essa indignação eu questionava tudo e um dia
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por acaso
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aos 13 anos, em 1998, eu vi um CD de música de minha irmã, que era o CD da banda The Wailers e tinha uns rapazes meio estranhos na capa,,
qual é da desses cara aí,
desses cabelo grande aí,
esses doidão aí.
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Aí quando eu escutei, eu simplesmente arrepiei dos pés a cabeça eee eu não sabia o porque, num sabia, mas tinha gostado, estranho isso, mas é verdade e fui atrás saber o porque.
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Aí de 98 até 2000, fiquei atrás de leituras, de músicas, de pessoas conhecidas ou mais sobre o reggae mesmo. Acabei descobrindo que era isso que eu gostava, era isso que eu sentia e através do reggae eu conseguia descobrir mais sobre as indignações, algumas respostas e alguns meios pra lutar contra essas injustiças, esses preconceitos, e por ai afora.
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O modo de viver Rastafari que eu comecei a conhecer um pouco em 99
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Em 2000 eu decidi seguir, eu comecei a viver mais a parte Rastafari mas na verdade eu já seguia isso ... eu me achei, eu me identifiquei, que eu já era.
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Sempre falamos que o Rastafari ele não vira, ele apenas se encontra
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E através do reggae eu fui vendo muitas coisas aprendendo muito e através desse aprendizado eu percebi que pra mudar alguma coisa eu tinha que passar o meu saber. Aí por isso eu entrei na faculdade de história pra lecionar e pra aprender um pouco mais, é lógico. Tem que aprender mais pra saber passar mais.
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E no primeiro ano do curso de História eu já entrei numa Associação Comunitária, cujo nome é Associação Comunitária Amanhã para Todos, onde lá eu ajudava na parte cultural, ajudo ainda, e principalmente na parte educacional, que eu dou aula de História e Cidadania, onde tem algumas crianças que participam da aula e é muito engraçado
que as crianças ficam doidas com algumas coisas que eu falo e não sabem o porque, ai eu tenho que explicar muitas coisas do cotidiano. Assim como eu era antigamente, só que não tinha ninguém pra me explicar, que me explicou foi o reggae
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Eu tô ai pra ensinar outras crianças que não têm exatamente esse viés que eu tive
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E no começo do ano, por conta, creio eu, da minha opção alimentar, sou vegetariano, eu conheci outras pessoas também vegetarianas e essas pessoas que fazem parte do F.A.C.A., Foco de Atividades de Cultura Alternativa e por conta disso essas pessoas fazem varias atividades em prol da vida, em prol do humano e eu me identifiquei muito.
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Hoje em dia eu faço parte do FACA da Associação Comunitária
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Faço parte de uma banda de reggae, que eu não posso deixar de lado a minha raiz, o meu acordar, vamos dizer assim, porque eu sabia antes, mas eu não tinha o rumo pra onde seguir, depois do reggae que eu tive o rumo daonde caminhar e pra finalizar um pouco da minha história eu vou falar uma frase do Haile Sellassie que diz o seguinte: Devemos no tornar membros de uma nova raça, ultrapassando pequenos preconceitos e sim respeitando a comunidade humana.
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Esses são alguns meios que eu encontrei pra, formas de luta pra com esses meios mudar a sociedade em si e não mudar pra algo diferente, por quere ser diferente e sim por questão igualitária e não igualitária na miséria e sim igualitária para todos ter.
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O F.A.C.A. e a Associação Comunitária e do despertar que foi o reggae na minha vida, que despertou para essa luta, que na verdade essa luta me mostrou muitos amigos nas minhas caminhadas e essas são algumas das coisas que nós podemos fazer.

UM POUCO DE LUZ, UM POUCO DE AMARGO por Lucimara


Lucimara, esse é o meu nome
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18 é só uma idade do RG
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O significado do meu nome é ainda mais importante
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É a junção de dois nomes Luci Mara
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O significado é Luz Amargo
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Automaticamente me sinto
um pouco de cada um,
pois todo mundo tem em si
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um pouco de luz e
um pouco de amargo
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Sou afro-brasileira, em si mais afro do que brasileira
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Em minha infância e juventude sempre ouvi falar:
Cabelo durango e lábios grandes, é feio
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Simples e fácil aprendi a me aceitar do jeito que sou e o mais importante é que foi por dentro e por fora, pois ainda existe gente que não sabe a importância que isso tem...
Nesse meio tempo conheci uma pessoa muito importante que é professor de história e acabou enriquecendo ainda mais a minha segurança de ser afro-descendente e não só brasileira. E o engraçado é que Paulo, meu namorado, além de ser professor, é branco, também tem o cabelo durango igual o meu
...
A importância que isso tem pra mim é seja e se aceita do jeito que tu és, pois isso é mais importante que qualquer coisa.

MINHA CASA MORADA por Cassia

Sou Cássia, tenho 21 anos. Vou falar um pouco de algo que sempre fez parte de mim e que há tempos atrás já me incomodou muito
,
mas eu percebi que essa mesma coisa
aliada
a uma outra coisa importante
me fez perceber valores
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São elas a timidez e a amizade
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Eu sempre fui uma garota muito tímida. A timidez sempre me pareceu um grande problema nas relações. Tanto com os outros, quanto comigo mesma
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Eu vivia fechada num mundo onde havia apenas meus pensamentos.
De repente um livro um caderno, uma caneta.
Havia muitas dificuldades em fazer amizade e ser aceita em algum grupo
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Eu sempre buscava alguma identidade coletiva, que, na verdade não era verdadeira nessas relações. Coisa que eu percebia logo e desistia de buscar porque aquilo me soava falso, então eu nunca podia me satisfazer com aquilo
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Uma coisa que eu sei das minhas viagens comigo mesma, é que eu posso viver dentro de inverdades para os outros, de fora, se assim eles enxergarem, mas não posso viver isso pra mim
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Eu tenho certeza que a pior sensação do mundo é perceber que eu trai a mim mesma e o tal de pingo de integridade no qual você pode viver realmente sendo você. Isso é muito importante
...
As coisas começaram a mudar, quando eu conheci o pessoal do extremo sul e do F.A.C.A., pessoas unidas por uma causa em comum, mas seres humanos subjetivos, o que implica no desenvolvimento das relações, que são complicadas
.
Nesse grupo de amigos eu senti que posso ser eu mesma, sem que tenha que me definir como algo. Onde eu posso errar, viver, pensar o que quer que seja, estarei sempre sendo eu, por diversas que as opiniões sejam e sempre teremos cada um o seu lugar dentro desse grupo
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Algo que sempre prevalece é esse algo em mim, eu sinto que a liberdade de ser o que sou
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Mesmo que inconstante e indefinido
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Sinto-me mais ou menos como na frase do Gandhi, que eu não vou lembrar, mas que é mais ou menos assim:
Eu não quero minha casa morada, não quero nem ao menos janelas, quero que todas as culturas circulem o mais livremente possível, mas não me deixarei dominar por nenhuma delas.

SONHO DE CRIANÇA por Juliana

Meu nome é Juliana, a Ju como a maioria das pessoas me chama. Tenho 21 anos, sou filha caçula de uma família de dois filhos, de um casamento proveniente de um encontro em um parque de diversão na periferia de São Paulo
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Sempre fui uma criança muito calada e sonhadora
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As minhas principais metas de vida eram uma profissão e construir uma família
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Em 2005, o sonho de criança começou a tornar-se realidade
...
Entrei na Universidade de História, onde reencontrei um amigo de muitos anos atrás, que atualmente é o meu companheiro de todas as horas, meu namorado. Ele me mostrou uma outra visão de mundo
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Responsável por aflorar dentro de mim um sentimento de luta, de mudança para um mundo mais justo
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Hoje eu sou professora de história, faço parte do espaço cultural F.A.C.A., me reconheço como membro ativo dentro da mudança que acredito. Eu também estou construindo uma família com raízes fortes, com uma pessoa especial e com princípios que ao longo da vida adquirimos.

A ESCOLA E A VIDA por Lauro

A minha história é meio simples, é meio louca. Eu não sei porque nunca gostei de ser o centro das atenções, tive poucos e bons amigos, entre eles o James, o Teta, o Kleber... O James era o maior barato, um cara doidão, mas o que me chamava mais atenção era que o cara num suava, meu. A gente corria horas, horas não, o tempo do intervalo todo na escola... eu ficava com a camisa toda molhada de suor e o cara nem suava!... Bons tempos aqueles... Desde pequeno eu queria tirar notas melhores na escola
...
Não consegui me interessar tanto pela matéria dada na escola
...
mas eu curto estudar e perceber o comportamento das pessoas
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Na faculdade tive um professor de filosofia chamado Ari e estudei um livro chamado Autobiografia de um Iogue, fala sobre autoconhecimento e meditação, me liguei nesse assunto. Autoconhecimento é o que todo mundo procura na verdade. Descobri que nós estamos construindo o que somos agora, que temos em nossas mãos, pensamentos e ações, o volante da nossa evolução. Parece que tem algo a ser conhecido por trás do silêncio, do sorriso, da beleza e de tudo que existe quando estamos presentes receptivos e atentos
.
É legal aplicar isso no dia-dia e saber que muitas pessoas já vivem isso
,
mesmo sem saber que sabem
...
Na minha história hoje trago essa mensagem e termino com uma frase de Krishna Murti:
Quando você pergunta se é feliz, aí você não é mais.

BELINHA por Sabrina

Agora eu vou falar dos gatinhos
,
que quando eles nasceram eu fiquei emocionada...
Eles são tão fofiinhos e,
eu gosto muito deles e da gata, ee
quando nasceu o filhotinho da Belinha
eles nasceram,
eles nasceram que nem um rato,
nem eu tinha coragem de pegar neles...
* Sabrina tem 6 anos, gosta de gatos e é filha de Kleber.