17 de junho de 2008

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Interior do Nordeste. Sertão Nordestino.
Vidas secas. Vida árida.
Vida de Édinho: 5 anos, 5 secas, vida de fome.
Irmão caçula de 7 filhos.
Viu três irmãs serem levadas para "uma vida melhor" na cidade grande. Nunca soube o que isso queria dizer, mas sentia o coração apertar ao dizer Adeus... Agora só haviam sobrado os "mininu", e quando a oportunidade de uma "vida melhor"voltou levou Édinho.
- Mininu novo, vai se acostumá fácil.
A mãe chorou, virou-se e engoliu a vida seca. Nunca disse Adeus. Foi assim que Édinho conheceu sequidão dos homens, vida de dor. Do ser subjugado e usado. Ser deixado como bicho, como algo que nada vale. Não entendia porque aqueles homens o machucavam tanto...
Ele nunca havia feito nada. Era uma criança, queria brincar de bola, ir a escola... Queria ser gente... Nunca o olhavam nos olhos... Por isso, aprendeu a manter a cabeça sempre baixa, os olhos no chão.
Tinha pavor dos olhos daqueles homens... Cresceu filho do medo, do desrespeito e da exploração... Cresceu cabisbaixo, objeto, utilitário...
"Dos filhos deste solo, és mãe gentil Pátria Amada Brasil"

*Escrito por Pérola Boudakian **Texto parte da intervenção no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes - http://sougentetenhodireitos.blogspot.com/

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