13 de dezembro de 2007

O CAPENGA por Ronaldo Silva


Meu coração sabia que ele podia ter o mundo e
ser tudo,
mas ele era mudo em meio às feras fumacentas
.
Naquele seu escudo eu via tudo,
mas era mudo.
.
Minhas mãos calejadas onde cabia o mundo,
tremiam em meio a tudo
Julgo que sentia medo,
mas levantava cedo pra enfrentar as feras fumacentas das centúrias
.
Tudo que eu sabia é que um dia eu ia e
Meu sorriso pálido calado medo
Cálido segredo meu escudo invalido
Um frêmito ludibrio
um frêmito ludibrio frente asa feras fumacentas
Tensas, sanguinolentas, cinzas de pavor
no meu tumor latente
.
E eu indigente de luz
Feito raiz numa escuridão tão fria
Cheio de um amargo pus
Cria de um amar depois
Louco pra poder voar, voar,
Se dera os céus pudera
Penso que não cabe amar de forma homera
E já era triste esperar
.
Sempre quase por um triz meu ludo
Tudo que talvez contesse um deus
Ó meu deus, no lodo do esquecimento
Dentro de um neurônio morto
Alheio as esferas fumacentas
E a mim
.
Matizes de um dejavou
Nuances de um amar depois
Me sentindo drogado eu ia
Assim meio dia nublado
No improviso decorado
Meio dublado e meio legenda
Afim de não ser mero e ainda espero descobrir o que
.
Não quero apenas repetir as horas
Sentir apodrecer os meus dentes
E fora isso nada
.
Ouvi dizer que o mundo era uma coisa boa
Mas penso que as eras passar-se-ão
Alheia ao vão das coisas daqui
Alheias a mim e a ti
Alheias até às feras fumacentas
.
Eu vi pessoas lindas
Loucas e roucas de amor
Com todos seus dentes na boca
.
Penso que não há respeito nas propagandas em outdoor
Me sentindo doente eu ia
Rangendo os meus dentes
Nau sem vela ou leme
Um samurai sem honra ou pente
Me sentindo drogado eu ia
.
E por não saber me outro
.
Eu ia
.
Ronaldo Silva
.
O capenga

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