5 de março de 2008

Do Rio Grande do Norte para o Jd. Eliana - Geralda Paixão da Cunha conta


Partida: Rio Grande do Norte ....
...Destino: Jd.Eliana
Geralda Paixão da Cunha conta
Vim lá do RIO GRANDE DO NORTE, com 16 ANOS me casei, com 17 ANOS ganhei minha primeira filha,
aí o pai da minha filha veio morar em SÃO PAULO... lá não tinha meio de sobreviver, muito pouco, então ele veio para cá.
Depois ele veio me buscar, e eu vim direto pra o JD. ELIANA. Não tinha ENERGIA, isto era em 1972, eu tinha 19 ANOS,
fiquei morando na casa de minha cunhada edepois de 2 anos estávamos em nosso próprio terreno.
Em 1974 ganhei meu segundo filho. Nesta época não tinha energia e água era só de POÇO, não tinha onibus.
Ônibus em 2 em 2 horas, 6 vezes ao dia, era o Balsa, que vinha de Sto Amaro.Tinha ônibus no Grajaú, perto do Circo Escola, entãovocê pegava carona ou vinha A PÉ até o Eliana.
Pra quem trabalha era assim,
ia a pé de madrugada,
dentro do matagal,
sem energia,
só tinha energia no bar do rapaz que emprestava a energia para a gente,
só que a gente não podia ligar a televisão e a luz ao mesmo tempo,
porque a luz era fraca, de um bar, para fornecer para as casas, poucas casas.
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Na rua em que morei eram 5 casas e não ficavam perto uma das outras.
Algumas pessoas usavam a TERRA para a plantação.
Ai aos poucos o Jd. Eliana foi aumentANDO.
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Não tinha ESCOLAa 1º foi o Clarina, construída de madeira.
Não tinha nada, o posto de saúde mais proximo era no Grajaú,
depois do Circo Escola, farmácia também, paralevar as crianças tinha que pegar uma lotação, carro,
aqueles carros caindo aos pedaços, no meio do barro,
o carro atolava.
Para você ir para Sto Amaro, a gente ia de CHINELO no barro e
quando chegava no onibus tirava os
chinelos guardando em uma sacolinha e calçando um sapato.
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Ai em 1978 tive meu TERCEIRO filho e em 1981 meu QUARTO filho....
Para você chegar na represa, você só pegava mato,a represa vinha aqui,
ali na garagem de onibus da Bola Branca, alí era só água,
quando chovia você não passava ali não.
Daquela época para cá, melhorou muito,
o povo FALA MUITO do Grajaú ser violento, mas eu não acho,
eu acho aqui muito sossegado, para mim aqui é maravilhoso!
Eu não me vejo morando em um outro lugar, gosto muito daqui,
principalmente o Eliana, MINHA RUA, MINHA CASA...
Não troco o Grajaú pelo Morumbi de maneira nenhuma.
Aqui nós temos nossa amizade que é muito importante,
sou uma mulher que tenho muitas amizades graças a Deus,
minhas amizades eu não troco por dinheiro nenhum.
O Graja tem fama né!
Tipo assim, se você vai lá no centro, ai o povo fala assim
- Aonde você mora? Moro no Grajaú
- Nossa você mora no Grajaú.
Mas eles não sabem, eles só conhecem a fama do Grajaú como má,
eles não conhecem o bem do Grajaú que é o sossego aqui, aqui é sossegado.
O que é ruim no Grajaú é só a saúde, é só a SAÚDE,
porque o único hospital mais próximos é o Hospital Grajaú, e
ainda LOTADO, você não tem como ir lá,
você só vai lá mesmo quando já esta realmente lesado.
O mais difícil é a saúde.
*Transcrito para o Expresso Balaio Cultura Grajaú - http://balaiocultural.blogspot.com

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